
"Mas eu não sei interpretar bem esse conto… como vou interpretar um conto terapêutico para a participante?"
Se você já fez essa pergunta, saiba que não está sozinha.
Muitas contoterapeutas sentem medo de não saber interpretar um conto terapêutico "bem o suficiente" e acabam caindo na armadilha de achar que precisam dar um significado exato para cada símbolo e metáfora antes de poder usá-los.
Mas e se esse pensamento estivesse limitando sua prática?
A Contoterapia® não é um exercício intelectual de decifrar símbolos, e a contoterapeuta não é um dicionário ambulante de significados. Pelo contrário: se você tentar interpretar um conto terapêutico antes de deixá-lo atuar, estará reduzindo sua força simbólica e terapêutica.
Se você quer se sentir mais segura sobre como interpretar um conto terapêutico, como trabalhar com eles, continue lendo. Vamos explorar o que realmente importa na interpretação de um conto terapêutico e como evitar cair nessa armadilha.
O que acontece quando você tenta dar todas as respostas?
Quando uma contoterapeuta se preocupa demais em interpretar um conto terapêutico antes mesmo de narrá-lo, ela corre o risco de:
Reduzir o conto a um significado fechado, como se ele tivesse apenas uma explicação correta.
Tirar o espaço do paciente para encontrar sua própria relação com a história.
Cair no mental, em vez de permitir que o conto atue no inconsciente e na experiência do ouvinte.
Ficar presa na insegurança de "não saber tudo" e perder a espontaneidade da narração.
O conto terapêutico não precisa ser entendido para funcionar. Ele precisa ser escutado.
Como Interpretar um Conto Terapêutico sem Dar Respostas Fechadas?
A interpretação não é um produto que você entrega, mas um processo que você facilita.
Aqui estão três passos para trabalhar com os contos terapêuticos sem precisar dar uma interpretação fechada.
1) Escute o conto terapêutico antes de tentar explicá-lo
Os contos terapêuticos carregam múltiplos sentidos. Você não precisa decifrá-los antes de narrá-los.
Sinta a história primeiro.
Deixe a narrativa respirar.
Observe quais imagens chamam sua atenção, mas sem pressa para entender tudo.
Os contos terapêuticos falam quando estão prontos. Às vezes, eles nos ensinam algo muito depois de contá-los.
2) Faça perguntas em vez de entregar respostas
Se um paciente ou participante perguntar: "O que significa esse símbolo?", não se sinta obrigada a responder com um significado fixo.
Em vez disso, experimente devolver com uma pergunta:
O que essa imagem despertou em você?
Se essa cena fosse um sonho, o que ela te diria?
Como isso se conecta com algo da sua vida?
A interpretação não deve ser imposta. Ela deve emergir do encontro entre o conto terapêutico e quem o escuta.
3) Confie que a história sabe mais do que você
Os contos terapêuticos tradicionais atravessaram séculos sem precisarem de manuais de explicação. Eles atuam diretamente no inconsciente, ativando imagens e sentimentos antes mesmo de serem compreendidos racionalmente.
Se um símbolo não faz sentido para você agora, isso não significa que ele não esteja funcionando.
Nem tudo precisa ser interpretado imediatamente. Se há algo que a Contoterapia® ensina, é que os significados vêm no tempo certo.

Reflexão Final: O Verdadeiro Papel da Contoterapeuta
A pergunta não é "Como posso dar uma interpretação para a participante?"
A pergunta certa é:
Como posso criar um espaço para que a história revele seu próprio significado?
Você não precisa ser um dicionário ambulante. Você precisa ser uma facilitadora da escuta.
Quando você solta a necessidade de explicar, permite que o conto terapêutico atue no nível simbólico e terapêutico.
Agora me conta: você já viveu uma experiência em que um conto terapêutico falou com você de um jeito inesperado?
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Abraços,
Anna Rossetto
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