top of page

Contador de Histórias vs Contoterapeuta: O Que os Une e o Que os Diferencia?

Foto do escritor: Anna RossettoAnna Rossetto

Anna Rossetto de capuz sentada com passarela na floresta
Hafren Forest - Wales

Narrar é Existir: O Ofício Ancestral de Contar Histórias


Desde que os primeiros humanos se reuniram em torno do fogo e observaram as sombras dançarem nas paredes das cavernas, contar histórias tornou-se um ato de criação, pertencimento e cura. Narrar não é apenas falar – é tecer realidades invisíveis, transformar o indizível em linguagem, oferecer um sentido onde antes só havia silêncio.


Em um mundo digital, acelerado e muitas vezes fragmentado, qual é o papel dessa arte ancestral? O que as palavras sussurradas pelos bardos, skalds e griots têm a nos ensinar? E como essa tradição evoluiu para se tornar um instrumento de cuidado e transformação?


Neste artigo, exploramos as diferenças e semelhanças entre Contoterapeuta vs Contador de Histórias, compreendendo como essa prática ancestral se reinventou no tempo e como a narrativa continua a ser uma das pontes mais poderosas para a alma humana.


Os Guardiões da Palavra: Contadores de Histórias ao Redor do Mundo


Os contadores de histórias surgiram em todas as culturas como guardiões da memória e da sabedoria coletiva. Cada povo teceu sua forma de preservar narrativas, e suas vozes continuam ecoando através dos tempos. Conheça alguns desses mestres da palavra:


  1. Os Bardos (Celtas) – Poetas e músicos itinerantes que narravam epopeias de heróis e batalhas, perpetuando a história e a identidade cultural por meio de versos e melodias.


  2. Os Skalds (Nórdicos) – Guerreiros-poetas que transformavam feitos de reis e conquistadores em versos imortais, conferindo honra e imortalidade a seus protagonistas.


  3. Os Griots (Africanos) – Guardiões da memória ancestral na África Ocidental, misturavam poesia, canto e narrativa para manter viva a história de seus clãs.


  4. Os Maggidim (Judaicos) – Pregadores itinerantes que usavam parábolas para ensinar valores morais e espirituais, transformando a fé em narrativa viva.


  5. As Mulheres Romani (Ciganas) – Transmissoras de contos e lendas dentro dos clãs Romani, preservando e fortalecendo a identidade cultural através da oralidade.


  6. Os Hakawatis (Árabes) – Mestres da narração oral que encantavam plateias com histórias e fábulas que cruzaram gerações, dando vida às Mil e Uma Noites.


  7. Os Storytellers (Modernidade) – Desde performances teatrais até podcasts e produções audiovisuais, os contadores de histórias contemporâneos reinventam a tradição oral para os tempos atuais.


Cada um desses contadores de histórias compartilha uma mesma missão: tornar visível o invisível, dar voz ao que precisa ser lembrado. Alguns eram cronistas, outros conselheiros, alguns entretinham, outros curavam. E é nesse último aspecto que o contoterapeuta se destaca.

Contador de Histórias vs Contoterapeuta: O Que os Une e o Que os Diferencia?


Embora compartilhem a arte da narrativa, Contoterapeuta vs Contador de Histórias são papéis distintos, com propósitos e abordagens diferentes. Veja as principais diferenças:


  1. Objetivo Principal

    • Contador de Histórias: Encanta, transmite cultura, emociona e inspira.

    • Contoterapeuta: Utiliza a narrativa como uma ferramenta de cura, reflexão e transformação emocional.


  2. Contexto de Atuação

    • Contador de Histórias: Atuam em praças, teatros, eventos culturais – para públicos diversos.

    • Contoterapeuta: Trabalham em contextos terapêuticos, adaptando as histórias às necessidades dos ouvintes.


  3. Personalização das Narrativas

    • Contador de Histórias: Recontam narrativas tradicionais, preservando sua essência.

    • Contoterapeuta: Cria e adapta histórias, moldando-as à vivência do paciente para promover identificação e transformação.


As Habilidades Essenciais do Contoterapeuta


Para trilhar esse caminho, o contoterapeuta precisa cultivar habilidades que vão além da técnica narrativa. Essas competências são o que transformam a narrativa em uma via de cura e autoconhecimento. Confira as habilidades essenciais:


  1. Escuta Ativa: Saber ouvir o outro profundamente, sem antecipar respostas, captando as entrelinhas da história que se revela. A escuta ativa permite que o contoterapeuta compreenda não apenas as palavras, mas também as emoções e os significados ocultos por trás delas.

  2. Senso Simbólico: Compreender que as palavras carregam significados profundos e podem atuar como portais para a alma. O contoterapeuta trabalha com metáforas e símbolos que ressoam no inconsciente, facilitando a conexão entre a história e a experiência pessoal do ouvinte.

  3. Capacidade de Criar Histórias Terapêuticas: Nem toda história é terapêutica por si só. O contoterapeuta precisa compreender como construir narrativas que despertem reflexões e promovam transformação. Isso envolve a criação de contos personalizados ou a adaptação de histórias tradicionais para atender às necessidades emocionais do paciente.

  4. Presença: A história contada com intenção gera um impacto que não pode ser reproduzido mecanicamente. A voz, o ritmo e o olhar fazem parte desse encontro simbólico. A presença do contoterapeuta cria um espaço seguro e acolhedor, onde o ouvinte pode se conectar consigo mesmo e com a narrativa.


Exemplo Prático: A Redescoberta da Coragem

Imagine um homem que sente ter perdido sua capacidade de tomar decisões importantes na vida. Durante uma sessão de contoterapia, o contoterapeuta conta a história de um jovem que precisa atravessar uma ponte para chegar ao outro lado do rio, mas teme cair. O jovem hesita, mas, ao ouvir o som do vento e sentir o apoio invisível da natureza, ele dá o primeiro passo.


Ao final da sessão, o contoterapeuta pergunta: “Qual é a sua ponte?”. Naquele instante, a metáfora se torna um espelho. O homem reflete sobre seus próprios medos e percebe que, assim como o jovem da história, ele também pode confiar em sua força interior para seguir em frente.


A história não apenas ilustra um conceito – ela cria uma experiência simbólica que permite ao ouvinte transformar-se.


Por Que a Oralidade é Essencial na Contoterapia?


A palavra falada é viva e dinâmica. Na Contoterapia®, a oralidade é preferida porque:


  • Cria uma conexão direta e presente entre narrador e ouvinte.

  • Permite adaptar a narrativa em tempo real, conforme as reações e necessidades do paciente.

  • O tom de voz, o ritmo e a entonação carregam intenções que vão além das palavras, potencializando o impacto psicossomático da história.


Conclusão: A Narrativa Como Ponte para a Cura


Será que poderíamos nos aventurar e cogitar que o contoterapeuta é o novo guardião da palavra? Um facilitador que, através da narrativa, constrói pontes entre o visível e o invisível, entre a dor e a cura, entre o passado e o futuro. Em tempos de superficialidade e conexões virtuais, ser um contoterapeuta é um ato de resistência. É escolher caminhar por entre palavras e silêncios, ajudando outros a reconstruírem suas histórias e, com elas, suas próprias vidas.


Seja como contador de histórias ou contoterapeuta, a narrativa é uma ponte poderosa. Ela nos conecta ao que há de mais profundo em nós: nossas emoções, nossos medos, nossas esperanças. Em um mundo cada vez mais digital, essas práticas nos lembram da importância de parar, ouvir e sentir. De contar e ouvir histórias que não apenas encantam, mas também curam e transformam.


E você, como tem usado a narrativa em sua prática? Quais histórias têm marcado sua jornada como profissional ou como ser humano? Compartilhe suas experiências nos comentários e inspire outros a descobrirem o poder transformador das palavras.


Abraços,

Anna Rossestto

1 opmerking

Beoordeeld met 0 uit 5 sterren.
Nog geen beoordelingen

Voeg een beoordeling toe
Gast
10 mrt
Beoordeeld met 5 uit 5 sterren.
Like

Cadastre-se para receber as novidades da Contoterapia ou mande uma mensagem para nós ...

Siga-nos

  • Youtube
  • Instagram
  • Facebook
  • TikTok
  • LinkedIn

© 2025 Contoterapia®

Todos os direitos reservado

CNPJ 30.004.429/0001-18 

Rua Pedro Ivo, 3095

Cascavel PR BR 

9, Pool Avenue

Prescot The UK

atendimento@contoterapia.com.br

Telefone: (+44) 0792 741 4349

Contoterapia
Anna Rossetto Contoterapia

Copyright 2025 Contoterapia®. Todos os direitos reservados.

bottom of page